Open Everything
8
min de leitura
23 de dezembro de 2021

Da interoperabilidade ao Open Health: como as transformações de ecossistemas abertos podem revolucionar o setor da Saúde

Joana França
Analista de Inteligência de Mercado
Atualmente trabalha como Analista de Inteligência de Mercado na Sensedia.
Mais sobre o autor

O chamado “movimento Open” é um dos assuntos mais discutidos no Brasil atualmente por promover mudanças significativas ao abranger diversos setores da sociedade com seus ecossistemas de dados abertos e por ser capaz de, entre outras áreas, revolucionar o setor da Saúde.

A famosa frase “dados são o novo petróleo” não poderia ser mais precisa nesse momento. Dados são a “matéria-prima” do Open Finance (guarda-chuva que abrange o Open Banking, Open Insurance e Open Investment) e dos outros “Opens” que estão por vir, pois será através deles que teremos o cliente no centro de análises preditivas e de consumo.

Vale ressaltar: engana-se quem imagina o tema como pauta apenas em grandes empresas ou limitado aos especialistas em tecnologia. O Open Finance veio para transformar a jornada dos clientes do setor financeiro e claro, desafiar bancos, seguradoras e demais players a pensar “fora da caixa”.

E como este padrão de compartilhamento de dados e desenvolvimento de novos produtos e serviços pode alcançar a indústria da saúde? Esta é a pergunta que nos leva a pensar em "Open Health" e que nos guiará nas próximas linhas deste artigo. 

O que é interoperabilidade e como ela pode revolucionar o setor da Saúde

Antes de pensarmos em Open Health, é importante entendermos o que é "Interoperabilidade", termo usado frequentemente por profissionais de tecnologia e que atuam em empresas de Saúde. Interoperabilidade não é um termo novo, de forma direta, seu conceito é: “a troca de dados entre diferentes sistemas de informação e o uso efetivo desses dados pelos profissionais”. (MISS)

O setor de saúde no Brasil é um dos mais tradicionais e conta com diversos sistemas de informação além de um número gigantesco de dados, portanto, dores de integração são comuns e em grande medida impedem a evolução de um ecossistema aberto. Este é o motivo para entender primeiro o conceito e importância da interoperabilidade para então se pensar em Open Health, pois o primeiro será a base para o último.

O “arrumar a casa” é uma das ações mais importantes e que deve ser tomada o quanto antes caso exista a pretensão de participação em um ecossistema aberto de compartilhamento de dados e desenvolvimento de novos modelos de negócios.  

E do que se trata o “arrumar a casa?” Em linhas gerais, solucionar problemas internos de integração e ter dados interoperáveis de forma fluída e que permita ganho de tempo, baixa margem de erro na tomada de decisões e previsibilidade. Este cenário pode se tornar possível através do uso de APIs e microsserviços.

A partir dos dados e sistemas interoperáveis, é possível dar os primeiros passos rumo ao Open Health, movimento que assim como no setor financeiro, tem como objetivo colocar o paciente no centro das visões de negócios, permitindo que seja o detentor e responsável pelos seus dados, tendo a decisão em compartilhar ou não as suas informações de saúde com diferentes instituições.  

O caminho do Open Health e os avanços dessa inovação

O Open Health já é realidade em alguns países ao redor do mundo. No Reino Unido, por exemplo, existe o “NHS Digital”, sistema que compila os registros dos pacientes em um “banco nacional de dados”, chamado "The Spine”, que por sua vez gera o “Summary Care Records (SCR)” equivalente ao Prontuário Eletrônico do Paciente desenvolvido por algumas instituições de Saúde aqui no Brasil. O SCR permite que cada usuário tenha acesso a um ‘resumo de seus dados de saúde’, além de autorizar que as unidades clínicas do país também o acessem.

Através de um ecossistema aberto de compartilhamento de dados de saúde, alguns avanços importantes são observados:

  • impacto direto e positivo nas decisões clínicas;
  • geração de uma vasta variabilidade de produtos e serviços com diferentes modelos de custos;
  • atendimento que serão desenhados com alto grau de personalização para cada paciente.  

E como você deve imaginar, essas interações e compartilhamentos de dados necessitam muita segurança, agilidade e escalabilidade dos sistemas que estão interligados. Para isso, contar com uma plataforma de API com estratégias digitais bem definidas é essencial para essa jornada.

O papel das APIs no modelo Open

Compartilhamento de dados sensíveis requer precauções e cuidados que garantam a segurança contra ataques cibernéticos e possíveis vazamentos de dados. No Open Finance, este cenário só é possível através do uso das APIs e de soluções que permitam a troca de informações seguindo os parâmetros de governança estabelecidos pelo Banco Central, além de proporcionar a escalabilidade de novos modelos de negócios dentro de um ecossistema aberto.

Este modelo de governança de APIs deve ser replicado para o cenário da Saúde, através de órgãos reguladores como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Ministério da Saúde.  

Uma das principais transformações proporcionadas pelos movimentos Open Innovation se reflete diretamente na jornada do cliente (na saúde do paciente). Os hábitos de consumo estão mudando em consonância com as transformações digitais, ou seja, é comum que o usuário do aplicativo do banco queira ter a mesma experiência no aplicativo de seu operador de saúde, e cabe a este último estar de acordo com as expectativas de seus clientes. 

É ainda válido destacar a inevitável entrada de novos players no ecossistema do Open Health, desta forma, estar a um passo à frente da transformação digital se tornou ação indispensável para que players tradicionais possam sobreviver em meio à concorrência antes não existente.  

A chegada do Open Health ainda não tem data marcada no Brasil, mas já é possível observar seus primeiros passos. Estar preparado para o que está por vir além de evitar futuras “dores de cabeça”, também será diferencial em termos de competitividade no momento da largada. E a sua empresa, já começou a “organizar a casa”?


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